Ciência em casa: reações químicas que acontecem em 4 produtos de limpeza
- Luchelle Furtado
- 17 de set. de 2021
- 4 min de leitura
Produtos de limpeza podem provocar reações inimagináveis

Produtos usados em casa podem causar reações químicas perigosas - Foto: iStock
Luchelle Furtado
Por mais inesperado que isso possa parecer, a ciência, com certeza, está em todos os lugares e não somente em laboratórios ou universidades, como muitas pessoas acreditam. Podemos encontrar a ciência em casa, em atividades corriqueiras do nosso dia a dia, como nas reações químicas que acontecem em produtos de limpeza.
Produtos de limpeza
Os produtos de limpeza são figurinhas carimbadas em inúmeros lares espalhados pelo mundo. Eles são responsáveis por inúmeros benefícios como a higienização, a perfumação e muito mais.
No supermercado, por exemplo, existe um setor específico para essa categoria. Ao entrar no corredor de produtos de limpeza, é possível se deparar com uma extensão de frascos coloridos e perfumados enfileirados com funcionalidades diferentes.
Tantas misturas, carregadas de fórmulas e elementos químicos, claro, só poderiam resultar em reações que justificam o fato de que a ciência em casa existe.
Produtos como álcool, água sanitária, detergente e soda cáustica, são apenas alguns que integram a dispensa dos cuidados com a casa.

Os supermercados contam com uma grande variedade de produto de limpeza - Foto: iStock
Reações químicas em 4 produtos de limpeza
1- Álcool
O álcool é muito utilizado como agente desinfetante por ter a capacidade de inativar vários tipos de microrganismos que podem causar doenças, como bactérias, vírus e fungos. O porquê dessa ação não é totalmente conhecido, mas pesquisas nessa área mostram que a explicação mais provável é que o álcool reage com alguns componentes da célula desses organismos impedindo que eles desempenhem o seu papel corretamente.
“No caso do coronavírus, por exemplo, o efeito do álcool acontece sobre a “capa” protetora que existe ao redor dele. Como essa capa é composta por lipídeos semelhantes à gordura, o álcool consegue destruí-la sem muita dificuldade, ao contrário do que ocorre em outros tipos de vírus que têm uma proteção mais “reforçada”, explica o estudante de Engenharia de Materiais e um dos cientistas do Manual do Mundo, Arthur Okuda.
No entanto, vale ressaltar que o maior risco do uso de produtos à base de álcool é que eles também são, em geral, inflamáveis e podem pegar fogo. Nesse caso, é importante guardar esses produtos corretamente, longe de fontes de calor, faíscas, eletricidade estática e chama aberta para evitar incêndios.
Para quem utiliza o álcool como higienizador pessoal, ele deve ser espalhado nas mãos até que seque completamente, antes de realizar qualquer atividade que envolva risco de ignição.

O álcool se tornou um grande aliado na luta contra o coronavírus - Foto: iStock
2 – Água sanitária
A água sanitária, muito conhecida por tira manchas, é uma mistura composta principalmente pelo sal hipoclorito de sódio (NaCℓO) dissolvido em água. Esse sal consegue reagir quimicamente com vários tipos de moléculas, mas é especialmente reativo quando colocado em contato com a maioria dos corantes e pigmentos, tanto naturais quanto artificiais.
Nesse caso, se tivermos uma mancha de café em uma roupa, por exemplo, existem algumas moléculas específicas que dão aquela cor característica à bebida e são elas que acabam manchando o tecido. Assim, ao inserir o líquido, ele reage com essas moléculas, que acabam sendo transformadas em outros produtos que não tem cor, e é por isso que a mancha some.
Vale acrescentar, no entanto, que essa capacidade do hipoclorito de reagir facilmente com vários tipos de moléculas faz com que essa mesma característica possa trazer alguns riscos para a saúde das pessoas caso o produto seja usado incorretamente.
Isso porque, o hipoclorito de sódio também reage muito facilmente com uma infinidade de outros produtos que são usados para a limpeza das casas e, em alguns casos, essa reação pode gerar produtos tóxicos, que fazem mal à saúde e podem levar a sérios problemas logo após o uso, causando náuseas, problemas respiratórios, irritação nos olhos, entre outras coisas.
“Exemplos de produtos que não podem ser misturados com a água sanitária incluem a amônia, o vinagre e o álcool. Até mesmo a aplicação sobre resíduos de urina pode produzir gases tóxicos”, informa Arthur.
“Para evitar esse tipo de problema, o ideal é nunca misturar a água sanitária com qualquer outro produto, a não ser a água pura. Outra dica é fazer uma limpeza inicial de todas as superfícies antes de usar o hipoclorito, garantindo que elas estejam livres de qualquer sujeira ou resíduos de outros produtos de limpeza”, completa o estudante de Engenharia de Materiais.

A água sanitária é muito utilizada para retirar manchas - Foto: iStock
3 – Detergente
O detergente é o produto número um quando o assunto é lavar louça. Isso porque, lavar a louça engordurada só com água não é possível, tendo em vista que ela e o óleo não se misturam. Nesse caso, a água passa por cima da sujeira mas não consegue “arrastar” o óleo junto.
“O principal ingrediente do detergente é um produto que tem na sua molécula duas partes, uma delas que se mistura com o óleo e outra que se mistura com a água. Quando a gente vai lavar a louça é como se ele fizesse esse meio de campo, ajudando a água a carregar o óleo pra fora”, detalha Arthur.
Em geral o uso do detergente é bastante seguro, mas o ideal é limitar ao máximo o tempo de contato com a pele e lavar muito bem as mãos depois de usar, para evitar que o produto fique acumulado ou acabe indo para os olhos, por exemplo, principalmente no caso de pessoas com a pele sensível.

O detergente é fundamental para tirar a gordura de objetos - Foto: iStock
4 – Soda cáustica
A soda cáustica é o nome comum do hidróxido de sódio, que é uma base forte muito usada em vários processos industriais e também em aplicações domésticas. Ela é capaz de desentupir encanamentos porque reage com alguns materiais que atrapalham a passagem da água pelos canos, como gordura e cabelos.
“Embora seja muito útil, a soda cáustica é um produto bastante perigoso e deve ser usado com muito cuidado. O primeiro risco é de uma queimadura química, já que o hidróxido de sódio é extremamente corrosivo e reage também com as substâncias da nossa pele”, explica Arthur.
“Além disso existe o risco de uma queimadura por calor, já que ocorre o aquecimento do líquido durante a mistura com a água. O ideal é sempre manipular o produto com luvas e óculos de proteção para respingos, evitando ao máximo o contato do produto com a pele e principalmente com os olhos”, conclui o estudante.

A soda cáustica deve ser utilizada com muito cuidado - Foto: iStock
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